Em todas essas referências, o PCP não fala em virtudes ou defeitos do regime norte-coreano, não defende a militarização da peininsula da Coreia, não apoia testes nucleares, seja de quem for, não se diz em sintonia com qualquer modelo económico-político, seja de que país for.
Mas vamos desmascarar todas as mentiras ditas no DN.
Ainda na notícia principal diz o DN que «Na segunda-feira, o Comité Central exprimiu "solidariedade" ao líder comunista Kim Jong-il, "perante a escalada imperialista na Península da Coreia". Dois dias depois, a bancada parlamentar comunista foi a única a alinhar com Pyongyang, recusando apoiar um voto de protesto contra o teste nuclear efectuado na Coreia do Norte. E a edição desta semana do Avante! dedica uma página às teses oficiais daquele país, sob o título "Pyongyang quer a paz mas não teme a guerra" (ver caixa).»
Primeira mentira - o Comité Central do PCP não exprimiu solidariedade a Kim Jong-il. O que o comunicado do CC fala é em solidariedade com os povos que resistem ou mais sofrem com a política do imperialismo, entre os quais (e muitos são enumerados no comunicado) está o povo da RPDC. Passo a transcrever integralmente o 5º ponto do comunicado do CC:
«O Comité Central sublinhou a necessidade de continuar a dar uma grande atenção ao acompanhamento da situação internacional e promover iniciativas de esclarecimento e luta contra a política agressiva dos EUA e seus aliados e de solidariedade com os povos vítimas das agressões, ingerências e ameaças do imperialismo.
O Comité Central chama a atenção para a situação no Médio Oriente e Ásia Central que continua particularmente grave e encerra grandes perigos de envolver toda a região numa guerra de incalculáveis proporções. Os EUA e as grandes potências da NATO respondem à forte resistência dos povos do Afeganistão e do Iraque com o reforço das forças militares de ocupação e a intensificação da sua acção repressiva e destruidora. No Líbano, onde o invasor sionista sofreu um enorme revés e, a coberto de uma resolução da ONU inaceitável, estão a concentrar-se forças poderosas, que põem em causa a soberania deste país e são uma séria ameaça para países como a Síria e o Irão. Prossegue a criminosa e quotidiana agressão contra o povo palestiniano perante o silêncio cúmplice da União Europeia e da chamada «comunidade internacional». A luta para por termo à agressão imperialista no Médio Oriente e por uma paz justa e duradoura na região continua na ordem do dia e passa pela retirada das tropas imperialistas invasoras, pela condenação da política de terrorismo de Estado de Israel e pela aplicação urgente das resoluções da ONU que exigem a retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967 e o reconhecimento de um Estado palestiniano independente com capital em Jerusalém.
Perante a escalada imperialista no Médio Oriente, na Península da Coreia e em outros pontos do mundo, nomeadamente em África, adquire particular importância o desenvolvimento da luta por uma política externa independente, contra a utilização do território nacional e a participação de forças armadas portuguesas em operações de agressão e de guerra contra outros povos. O PCP reitera a sua firme oposição a que militares portugueses integrem a força da UNIFIL no Líbano e reclama o regresso daqueles que na Bósnia, no Kosovo, no Afeganistão, no Congo e noutros países se encontram ao serviço de uma estratégia que nada tem a ver com os interesses do povo português e dos povos dos respectivos países.
O Comité Central alerta uma vez mais para os ataques a liberdades, direitos e garantias fundamentais que acompanham a ofensiva de guerra do imperialismo em que, a pretexto da chamada «guerra ao terrorismo», se pretendem branquear, banalizar e mesmo legalizar práticas repressivas e de natureza fascista, como no caso dos sequestros, prisões secretas, tortura, assassinato político. Nesse sentido expressa a mais profunda indignação pela decisão do Congresso dos EUA que expressamente «legaliza» o recurso a torturas como as da «estátua», do sono e outras, praticadas em Portugal pela PIDE. O PCP exige do Governo português a condenação inequívoca de tão grave decisão e o cabal esclarecimento da utilização de território português para voos e operações criminosas da CIA.
O Comité Central valoriza e saúda os processos de resistência e de luta que prosseguem por todo o mundo, expressando em particular a sua solidariedade: ao povo de Timor-Leste e à Fretilin, que enfrentam a continuada conspiração do imperialismo e da reacção interna; ao povo da Guiné-Bissau e ao PAIGC que acabam de celebrar o 50.º aniversário da fundação do partido de Amílcar Cabral; ao povo do Brasil e à coligação de esquerda que apoia a reeleição do Presidente Lula contra o regresso da direita reaccionária; aos comunistas e ao povo coreano pela reunificação pacífica da sua pátria e contra o bloqueio económico e as ameaças de agressão imperialista à RPDC; ao povo e aos comunistas cubanos empenhados na defesa da sua revolução e na luta pela libertação dos cinco patriotas encarcerados nos EUA.
O Comité Central do PCP avalia positivamente a revitalização do Movimento dos Não Alinhados, de que a recente Cimeira realizada em Havana foi importante expressão, pelo seu contributo para contrariar as teses e os objectivos hegemónicos dos EUA, projectando a soberania nacional como um valor inalienável dos povos.
O Comité Central reitera o empenho internacionalista do PCP, o seu apoio firme e de princípio a todos os povos e forças que se batem, se necessário de armas na mão, contra a exploração e agressão imperialistas, pelo direito à escolha do seu próprio destino. Combatendo todas e quaisquer tentativas de criminalização das forças progressistas e revolucionárias e determinando em plena independência a sua política e relações internacionais, o PCP prosseguirá a sua acção em prol do reforço do movimento comunista e da frente mundial de luta contra o imperialismo. Nesse sentido reveste-se de grande importância a realização em Lisboa do próximo Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários.»
Nem uma referência a Kim Jong-il; nenhuma frase de apoio ao "regime norte-coreano". O apoio e a solidariedade são para os povos e os resistentes deste mundo.
Segunda mentira - A bancada parlamentar do PCP não alinhou com Pyongyang. Mas o que a bancada parlamentar também não fez foi pactuar com a condenação de uns, nomeadamente a Coreia do Norte que após décadas de isolamento e ameaças, sem nunca ter atacado ou ameaçado ninguém, se sente de tal maneira em perigo de um ataque nuclear imperialista, que firma querer ter armas nucleares para dissuadir o império de utilizar as suas; e ao mesmo tempo mais uma vez não se condena os EUA que possuem milhares de ogivas prontas a destruir o mundo, que não abdicam de invadir, ocupar e destruir nações soberanas e independentes e que carregam a culpa de terem sido os únicos na História a lançar bombas nucleares sobre cidades de outro país matando instantaneamente centenas de milhar de pessoas inocentes.
Terceira mentira - O Avante! e as «teses oficiais» da Coreia do Norte:
«Sintonia com o regime de Pyongyang»
Este é o título da caixa para a qual faz chamada o texto principal.
Aqui o DN utiliza um artigo do Avante! de 19-10-2006 onde é exposto um comunicado do governo da RDPC sobre o teste nuclear e a reacção do imperialismo ao mesmo.
O DN é desonesto e mentiroso. Atribui ao Avante! e ao PCP frases que são transcritas do comunicado.
Aqui se transcreve o texto do DN na integra:
«"A República Popular Democrática da Coreia tinha razão quando se decidiu pela opção nuclear", lê-se esta semana na edição do Avante!. O órgão oficial do PCP concede um extenso espaço à versão oficial das autoridades norte-coreanas, sob o título "Pyongyang quer a paz mas não teme a guerra". O jornal dos comunistas portugueses cita largamente um counicado oficial do regime comunista que vigora há seis décadas no norte da Península Coreana, sublinhando que Pyongyang recusa cumprir a Resolução 1718, aprovada por unanimidade, a 14 de Outubro, no Conselho de Segurança da ONU. A resolução das Nações Unidas exige o termo dos testes nucleares no país e ameaça com sanções económicas e comerciais. "Esta é uma posição imoral e totalmente desprovida de imparcialidade", lê-se no Avante!. O jornal oficial dos comunistas portugueses sublinha ainda a "inutilidade de tentarem pôr o país de joelhos".»
Em primeiro lugar a noticia do Avante!, no âmbito dos factos ocorridos, transcreve passagens do comunicado da RPDC, coisa que o parcial DN não fez. Alás toda a comunicação social apressou-se a unicamente condenar a RPDC, repetindo até à exaustão o que a administração norte-americana alvitrou, sem nunca fazer uma análise séria à complexidade da questão, continuando a esconder, por exemplo, o sofrimento de um povo que se vê na miséria, antes de mais, pelo cobarde bloqueio económico que lhe é feito pelos paises submissos ao imperialismo norte-americano.
Em segundo lugar, o DN ao escrever "lê-se no Avante!", está claramente a imputar a autoria do que se "lê no Avante!" ao próprio Avante! e, consequentemente, ao PCP. Principalmente a última frase, que repito : «O jornal oficial dos comunistas portugueses sublinha ainda a "inutilidade de tentarem pôr o país de joelhos".» Aqui a mentira é total e descarada, pois qualquer pessoa que leia esta frase fica imediatamente a pensar que foram o Avante! e o PCP a tomar a defesa da RPDC e a avisar os EUA e aliados de que esta não se ajoelharia. Só que o que o DN está a fazer é uma criminosa manipulação da mente dos seus leitores, pois se lermos de facto o Avante!, percebemos que, o que o DN também leu e subverteu são excertos do comunicado de RPDC, devidamente assinalados com aspas. Isto é, são transcrições e não opiniões.
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O anti-comunismo cresce. Em Portugal e no Mundo as campanhas de desinformação estão mais fortes e a propaganda mentirosa sobre o comunismo aumenta a par da acção do imperialismo para dominar o mundo. A guerra anti-terrorista foi o pretexto. Hoje em dia a repressão e a fascização das potências imperialistas são um facto. Os EUA legalizaram métodos de tortura que a PIDE usava nos seus "interrogatórios". Na Républica Checa a Juventude Comunista foi ilegalizada por ter como objectivo uma sociedade baseada na propriedade colectiva. Já foi tentado no Parlamento Europeu a criminalização do uso da foice e do martelo como símbolos.
Em Portugal existe um partido comunista com 85 anos de história que não deixou de ser o que sempre foi, marxista-leninista. Um partido que nunca deixou de estar com os trabalhadores. Um partido que com eles trabalha e com eles quer transformar a sociedade portuguesa. Um partido que face à gravidade da ofensiva do capital ganha força. É coerente e consequente, logo os trabalhadores, que crescentemente ganham consciência da sua classe e de que são subjugados por outra dominante e minoritária, percebem que o PCP é o seu partido. Repito, o partido ganha força e acrescento: e com isso ganha força a luta consciente e organizada.
A luta dos trabalhadores portugueses contra a política governamental de direita está em crescendo. Foram 100.000 que estiveram na rua. E o governo tremeu. Tremeram os comentadores de serviço. De todos os quadrantes se ataca o PCP porque começam a ter medo da sua força. Até aparece a tendência socialista da CGTP que promoveu um encontro a que compareceram meia duzia de sindicalistas e um batalhão de repórteres e jornalistas para ouvir dizer que as manifestações contra Sócrates, onde quer que ele vá, são obra do PCP. Eu digo mais, são obra do PCP e dos trabalhadores que foram enganados pelo PM.
Este é o motivo pelo qual aparecem notícias como a do DN. E no Expresso (mais uma notícia sobre a Coreia do Norte e as FARC - edição de 04-11-2006). E nos outros jornais, e na televisão... É o medo que eles têm da luta dos trabalhadores, luta essa que tem no PCP o motor da sua consciência e objectividade.