sábado, outubro 21, 2006

Sobre a despenalização do aborto

A deputada Natália Correia, escreveu e distribuiu no hemiciclo o poema que abaixo se transcreve, dedicado pela autora ao seu colega João Morgado.
Este parlamentar do CDS afirmara, numa intervenção sobre a questão do aborto, que o acto sexual só é justificável tendo por objectivo a procriação.

Dedicado ao deputado João Morgado

Já que o coito - diz o Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina e menino,
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova que houve truca-truca.

Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou - parca ração! –
Uma vez. E se a função
Faz o órgão - diz o ditado –
Consumada essa operação
Ficou capado o Morgado.

(Natália Correia)

Nota: O texto acima é cópia integral de um post colocado num blog chamado "Ensaio", em 03-11-2003.

Natália Correia foi poeta e usou a literatura como arma de intervenção contra o regime fascista, tendo feito parte do MUD e de outros movimentos de oposição ao estado novo.

Depois do 25 de Abril, foi eleita pelo PPD em 1980, tendo mais tarde passado a deputada independente.

1 comentário:

Dijambura disse...

Há muita gente que ainda tem ideias espatafúrdias e ultra conservadoras sobre a sexualidade e a liberdade de recorrer ao aborto, em pleno século XXI, a mim bastou-me ver o último prós e contras para ficar aterrorizada.