sexta-feira, maio 19, 2006

É pela luta que lá vamos

Há alguns dias, foi noticiado em toda a comunicação social que o Instituto de Gestão do Porto - IGP - responsável pela elaboração do estudo que concluia ser preferível o alargamento do Hospital Garcia de Orta, a construção de um Hospital que se situásse no Concelho do Seixal e que servisse as populações de Seixal, Almada e Sesimbra - fez uma adenda de última hora ao referido estudo rectificando as conclusões em sentido contrário.

Afinal a preferencia é pela construção do Hospital no Seixal.

Se não me engano o próprio Ministério da Saúde já confirmou a decisão.

Várias conclusões se podem tirar.

A primeira só pode ser a vitória das populações daqueles Concelhos. Vitória, pois num processo longo, que envolveu inúmeras entidades, com destaque para o papel das Comissões de Utentes de Saúde e para o apoio dado pelo poder político local que se traduziu na entrada na luta das Camaras e Assembleias Municipais e as Juntas de Freguesia daqueles tres Concelhos, as populações em luta conseguiram de facto que não lhes fosse negado o direito de acesso a cuidados de saúde públicos de qualidade e próximos das pessoas.

A segunda é que esta vitória não foi fácil e sem a luta, institucional e, principalmente, de massas, ela não teria acontecido. Não teria acontecido pois em todo o processo o Governo mostrou sempre que o critério com que define as suas opções na área da saúde - de resto, como em todas as áreas - é um critério economicista, cujos objectivos são poupar nas despesas públicas cegamente, desresponsabilizar o Estado das suas funções sociais e entregar os serviços públicos - incluindo o SNS - aos grandes grupos económicos privados cuja meta, como se sabe, é ter os lucros ao máximo.
A luta de massas foi preponderante. Esta manifestou-se a dois níveis - um através de todas as acções desencadeadas pelas comissões de utentes, associações de reformados, colectividades locais, associações de bombeiros, num conjunto de de mais de uma centena de entidades. Outro através da luta na rua, em que mais de 10.000 formaram um cordão de 4 Km e manifestaram-se pelo seu direito a saúde. Esta luta que envolveu milhares e milhares de pessoas, em conjunto com uma outra série de lutas que vão acontecendo por este país - para o caso importa referir as manifestações contra o fecho de maternidades, que acontecerem por todo o país - fizeram com o que o Governo tivesse que recuar, pelo menos na questão do Hospital para o Seixal.
Mas meus amigos, não se iludam. Nunca o Governo voltaria atrás se a isso não tivesse sido obrigado.

A terceira conclusão apresenta-se em jeito de precaução. A luta já deu uma vitória ás populações de Sesimbra, Seixal e Almada. Mas estas, não podem ter por garantido, nem esta primeira vitória, nem aquelas que ainda falta conquistar neste processo, que não se pode considerar acabado. Ou seja, por um lado não se pode pensar que o Hospital está garantido. Todos sabemos que todos os Governos da Contra-Revolução de Abril - PS, PSD, CDS - decidiram sobre a aplicação de projectos, muitas vezes com o início de obras á vista quando não raras vezes, passam dezenas de anos até que as mesmas avancem. Só depois do Hospital concluido é que se poderá contar com ele. Por outro lado há ainda diversas coisas a conquistar, nomeadamente
  • assegurar que a construção de um Hospital no Seixal não impede que se façam as necessárias obras de alargamento e melhoramento do Hospital Garcia de Orta.
  • assegurar também que o Hospital não vá ser fonte de lucro privado, ou seja que o Hospital seja enquadrado no sistema público do SNS para que, cumprindo a Constituição, todos tenham iguais condições de acesso á saúde
Assim, deu-se um passo em frente, mas a caminhada ainda não terminou. As populações e as entidades envolvidas devem manter-se alerta e vigilintes.

No entanto, reconfirma-se - é pela luta que lá vamos

2 comentários:

Dijambura disse...

Apanhei-te!!! E tu és o maior de todos!

Anónimo disse...

Andavas por aqui e n dizias nada, hã! ehehe